Antiga sala de aula, História da PUC, Campinas
O brasileiro lê, em média, 1,8 livro por ano e hoje 73% das obras literárias estão concentradas nas mãos de 16% da população.
A escola primária só se tornou universal na década de 90. O rádio era uma presença constante já nos anos 30; as bibliotecas e as livrarias ainda não conseguiram emplacar e, para Marino Lobello da Câmara Brasileira do Livro, “a experiência eletrônica chegou antes da experiência escrita”. A leitura é um hábito difícil de formar. Os brasileiros compraram menos livros em 2004 (incluindo livros didáticos distribuídos pelo governo) do que em 1991. Em 2005, o diretor da Biblioteca Nacional se demitiu após um mandato controverso. Ele se queixou de ter menos bibliotecários do que precisava e de que as traças já haviam roído muito do acervo. Na maioria dos municípios brasileiros não existe livraria e os que tem biblioteca pública, são precárias... Juntamente com o crime e com as taxas de juros, não dar acesso ao livro é motivo de vergonha nacional.
Por falta de comemoração é que não é...
JANEIRO
05 - Criação da Primeira Tipografia no Brasil, 07 - Dia do Leitor
FEVEREIRO
07 - Dia do Gráfico, 27 - Dia Nacional do Livro Didático
MARÇO
12 - Dia do Bibliotecário, 14 - Dia do Vendedor de Livros, 14 - Dia Nacional da Poesia, 19 - Dia do Livro, 28 - Dia do Diagramador e do Revisor
ABRIL
02 - Dia Internacional do Livro Infanto-juvenil, 04 - Dia do Livreiro Católico, 18 - Dia Nacional do Livro Infantil, 23 - Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral
MAIO
01 - Dia da Literatura Brasileira, 13 - Dia da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro,
21 - Dia da Língua Nacional
JUNHO
10 - Dia da Língua Portuguesa
JULHO
25 - Dia do Escritor
SETEMBRO
02 - Dia Internacional do Livro Infantil, 08 - Dia Internacional da Alfabetização, 30 - Dia Mundial do Tradutor
OUTUBRO
04 - Dia do Poeta, 29 - Dia Nacional do Livro
NOVEMBRO
05 - Dia Nacional da Cultura, 15 - Dia Nacional da Alfabetização, 23 - Dia Internacional do Livro
Fonte: IBGE/www.economist.com
(Gráfico: Dispersão geográfica dos projetos culturais contemplados por Região e Estados, pelo Programa Petrobras Cultural 2005/2006)
Os seis maiores investidores da Cultura em 2006 foram: Petrobras Holding (R$204,4 milhões), Banco do Brasil (R$23,7 milhões), Eletrobras (R$20,7 milhões), Cia Vale do Rio Doce (R$16,4milhões), Banco Bradesco (R$13,7 milhões) e o BNDS (R$10,7milhões) - dados disponíveis no site da Petrobras. Recursos esses obtidos através do perdão fiscal (Lei Rouanet) que o governo dá as empresas/ estatais, desde que sejam aplicados em cultura.
Ao delegar que as empresas operem esses recursos o Ministério delega, também, a política cultural (pública) ao setor privado que define como gerir, onde aplicar, quem patrocinar. A prioridade são produtos de visibilidade na mídia e no mercado. Inclusive patrocinar seus respectivos centros de cultura (ex: Centro Banco do Brasil , o Espaço BNDS, ...). A Petrobras fica com a maior fatia pois o governo repassa, também, orçamento da união para que opere na distribuição (ver gráfico).
Além do benefício da Lei, as empresas/ estatais ganham com o marketing já que parte do patrocínio é reservado para divulgação das marcas (ver editais de projetos). E pasmem! Patrocinam escolhas diretas e eventos do próprio governo: ministério da cultura, secretarias estaduais, municipais, que sem o menor pudor competem, por exemplo, com a população que paga caro no cinema, no teatro, na compra de um livro ou, com municípios sem teatro, sem cinema, sem biblioteca...
O fato da concentração dos recursos no Sudeste não implica que a região tenha uma política de acesso aos bens culturais. Na verdade a Lei foi criada, originalmente, para que o setor privado investisse na cultura. Hoje, privados e públicos, se beneficiam da Lei em nome dessa cultura. (Santa)
Agora a piada: um dos compromissos firmados por Lula no programa de governo (2002) para cultura, elaborado por um seleto grupo de intelectuais do PT, foi o de reformular imediatamente a Lei de incentivos fiscais por uma distribuição mais justa dos recursos da cultura no território nacional (ver o gráfico). rsss
A lei é clara: disparar arma de fogo em lugar habitado ou em suas adjacências é crime inafiançável. A pena vai de dois a quatro anos de prisão.
Levantamento mostra que só no ano passado, 170 pessoas foram atingidas por balas perdidas na região metropolitana do Rio. E o pior: essa estatística é desconhecida pela polícia. Nas delegacias, os casos de bala perdida são registrados como homicídio ou lesão corporal, se a vítima não morre. Consultado, o Instituto de Segurança Pública do Rio disse que "os casos de balas perdidas não são registrados à parte - a ocorrência 'bala perdida' não existe no Código Penal Brasileiro. Assim (prossegue o Instituto), não apenas o estado do Rio de Janeiro, mas o restante do país não usa essa tipificação como dado estatístico".
Crônica: " Do Rio elas vieram para São Paulo. Rapidamente, como se tivessem pego um trem-bala perdida (acho que alguém já fez esse trocadilho infame. Aliás, todo trocadilho é infame) E chegaram com tudo, logo num cruzamento da Rebouças com a Brasil ...Na minha adolescência, bala perdida era outra coisa. Muito mais romântica. Era o seguinte: naquela época tinha uma bala de hortelã que era a unanimidade nacional. Chamava-se bala Piper."
"As balas perdidas estão chegando" por Mário Prata, crônica publicada em O Estado de SP, 1999
100 Anos de Frevo. Que frevo??
Depois do pernambucano amargar um espetáculo de violência na prévia carnavalesca com o show de Ivete Sangalo e na calada da noite o escândalo do aumento de 46, 35 % no salário do Prefeito, restou pagar uma conta alta da pífia homenagem ao Frevo.
A comemoração pelos 100 Anos de Frevo no carnaval pernambucano serviu apenas de pano de fundo ao circo armado pelo prefeito do Recife João Paulo (PT) e o governador do estado, o socialista Eduardo Campos (PSB). Teve de tudo menos celebrar o aniversariante.
Nas cerimônias locais, a desorganização da Prefeitura foi tanta que personalidades ligadas a história do frevo foram esquecidas e até convidar morto aconteceu (o escritor Waldemar de Oliveira e esposa) para o evento de entrega da placa comemorativa – o casal não compareceu ao evento, por motivos óbvios.
O camarote da prefeitura foi só mordomia. Uísque Red Label, serviço de pratos quentes e salgadinhos produzidos na hora, cerveja gelada, foi servido até carpaccio, seguido de almoço com camarão e estrogonofe e atenção especial de João Paulo aos convidados e jornalistas, especialmente os de fora, entre eles o pessoal da TV UOL e de revistas de turismo do Uruguai.
Nos palanques, para atrair público, não podia faltar celebridade. Danielle Winits, Gianecchini, Marcos Frota, o casal Fernanda Vasconcellos (a Nanda ) e Thiago Rodrigues (o Léo) da novela, entre outros globais. Como já disse, a conta foi alta, aconteceu tudo, menos frevo.
Também, as indefectíveis bandas Babado Novo e Chiclete com Banana e os novos-velhos baianos Maria Betania, Gal Costa, Moraes Moreira, Tom Zé, etc. (a lista é longa...) até festa com topless que correu solta no show do Rec-Beat. Só nesse evento a prefeitura investiu 340 mil, conhecido pela apologia a drogas.
O governo do Estado gastou R$ 30 milhões e trouxe políticos aspirantes a presidente: os governadores Aécio Neves (PSDB-MG), Jacques Wagner (PT-BA), Cássio Cunha Lima (PSDB) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ) com direito as honras oficiais e as farras profanas. Dá pra imaginar o interesse desse grupo na história do frevo?
E, finalmente, o ponto alto foi a festa na casa de Alceu Valença (o maluco beleza) para políticos e artistas, onde a deputada federal Ana Arraes (PSB), mãe do governador, disse a um grupo de convivas que não está nem aí se faz 100 anos que o frevo nasceu ou não. “Pode escrever aí, um centenário de frevo sou eu (60 anos em julho), contabiliza, dando uma sonora gargalhada”.
E viva o frevo!
Foto: folião Olinda, projeto Lambe-Lambe