Folgança na posse do ministro "ele é, antes de tudo, um excelente performer ou, em bom português, um saltimbanco, que os dicionários registram como charlatão de feira"
A compostura de Marina nada ensinou ao seu sucessor, Carlos Minc. A contribuição do novo ministro para carnavalizar o ambientalismo no País - e desmoralizar no exterior as ações do governo nessa área - está firmemente estabelecida.
Pode ser que ele imagine que o seu modo de se portar, por atrair a atenção da mídia - ele é, antes de tudo, um excelente performer ou, em bom português, um saltimbanco, que os dicionários registram como charlatão de feira -, ajude a fixar na mente do público a coerência com que vem trabalhando os temas de que se ocupa, primeiro como secretário estadual (no Rio de Janeiro) e agora na esfera federal.
De todo modo, não precisou se esforçar nem um pouco para incorporar ao que até então vinha sendo o seu bloco do eu-sozinho a figura do presidente da República - que tampouco se faz de rogado para desencadear seus surtos de oratória apoteótica. Foi o que se viu na posse de Minc, anteontem.
Diante da ex-ministra que não disfarçava seu constrangimento por ser figurante daquele espetáculo, Lula, que dele acabou por merecer um beijo na testa, incorporou a exuberância performática do novo titular da Pasta e produziu como que uma versão palaciana dos velhos programas do Chacrinha.
''Faz de conta'', aconselhou a Minc, ''que você está entrando no lugar do Pelé'', disse em dado momento, comparando-o esdruxulamente ao atacante Amarildo, de quem pouco se esperava quando substituiu o craque contundido, nas eliminatórias da Copa do Mundo de 1962. (Amarildo entrou contra a Espanha e fez os dois gols da vitória brasileira. Não participou de outras Copas.)
E, numa descortesia certamente involuntária com Marina, Lula insistiu: ''Pelé não era insubstituível e o Santos foi campeão do mundo sem o Pelé.'' Porque não lembrou que o Brasil também foi, naquele ano de 1962, ninguém sabe. Tampouco Minc escapou da conhecida jogralidade do presidente no trato com os seus subordinados. ''O Minc já falou em uma semana mais do que a Marina falou em cinco anos e meio'', ridicularizou, alheio à própria parlapatice... (Texto completo...AQUI)
imagem: Saltimbancos, Cirque Du Soleil
CSS: Contribuição Social da Saúde
A gênese do imposto do cheque que não foi embora. Apenas deu um tempo.
Os brasileiros deste começo de século XXI trabalham quase cinco meses por ano para pagar impostos. Em troca, não recebem quase nada e são obrigados a pagar por saúde, educação, segurança e transporte, tudo o que o estado glutão deveria prover com o dinheiro dos impostos, mas não o faz. Por essa razão foi tão comemorada a extinção pelo Senado em dezembro passado do "imposto do cheque", a CPMF, ou contribuição provisória sobre movimentação financeira. Considerada a pior derrota política de Lula no Senado. Uma emenda prevê o aumento de 10 bilhões de reais no orçamento destinado à saúde e o governo alega que não tem de onde tirar esses recursos - seus aliados no Congresso, malandramente, apontam a volta da CPMF...
aqui a foto aqui
"São terroristas, sim"
Frequentemente sou indagada, por estudantes (creia) universitários, se as Farc são ou não terroristas. Procurei extrair daqui informações que julguei didáticas para responder as dúvidas.
Relatos de sequestrados pelas Farc, privados de direitos básicos e vivendo em campos de concentração no meio da selva colombiana, mostraram ao mundo como age a organização de facínoras que pretende ser reconhecida pelo mundo como um agente político legítimo. Em foto enviada para sua família, o seqüestrado Alan Jara mostra um caroço que tem no pescoço. Sua esperança é que, pela foto, os médicos possam diagnosticar a doença e receitar remédios pelo rádio: "Todas as noites, quando olho para as correntes que nos convertem em parte da árvore à qual estamos presos, lembro-me de que foram as Farc que nos seqüestraram." (Alan Jara, ex-governador estadual, refém há seis anos)
A filha de Mendieta, Jenny, com a carta de seu pai: a menina perdeu as esperanças de um dia revê-lo: "Por estar doente, tiraram a corrente com cadeado do meu pescoço. Mas os meus objetos pessoais tiveram de ser transportados por eles (os seqüestradores) e de um dia para o outro desapareceram. Quer dizer, fiquei sem nada, apenas com o que vestia." "Eu tinha de me arrastar pela lama para fazer as minhas necessidades, só com a ajuda dos meus braços, porque não podia me levantar." "Não é a dor física que me detém, nem as correntes em meu pescoço, mas essa agonia mental, a perversidade dos maus e a indiferença dos bons. É como se não valêssemos nada, se não existíssemos." (Luis Mendieta, coronel da Polícia Nacional, refém das Farc há nove anos)
Lucy de Gechem lê mensagem do marido: ele pede que o local de seu cativeiro seja em Cuba: "Padeço de muitas doenças: os problemas cardíacos, a coluna vertebral, (...) me leva a não poder agachar com facilidade, não carrego nada, não posso lavar minha roupa, ou mesmo minha colher." "Tenho dor de cabeça com freqüência, devido a um golpe (sofrido) quando me levavam transportado em uma maca e me deixaram escorregar..." "Creio que há duas alternativas para minha saúde. Poderiam solicitar ao presidente Fidel Castro que intervenha junto ao presidente Uribe e ao secretariado das Farc, para ver se é possível meu traslado a um hospital de Cuba para tratamento. Se me recuperar, passaria para uma prisão em Havana, na minha qualidade de refém político à espera de um acordo humanitário." (Jorge Gechem, ex-senador, refém das Farc há cinco anos)
Perguntas & Respostas
Na linha de frente do cenário internacional as Farc têm o apoio de Hugo Chávez. O presidente da Venezuela quer que as Farc, grupo que vive do terror, do seqüestro e do tráfico de drogas, sejam aceitas como uma força política legítima na Colômbia. Entenda as origens do conflito na Colômbia, e porque tal classificação jamais poderá ser aplicada às Farc.
1. Quem são e o que querem as Farc?
2. Elas atuam desde quando?
3. Que métodos utilizam na busca por seus objetivos?
4. Por que são terroristas?
5. Qual é a relação da facção com o tráfico de drogas?
6. Quantos reféns estão em poder das Farc?
7. O que significou a recente libertação de duas reféns?
8. Qual é a posição do governo colombiano sobre o grupo?
9. Quem se alia ao governo no combate às Farc?
10. E quem as apóia?
11. O que a população colombiana pensa das Farc?
12. Existem outros grupos políticos criminosos na Colômbia?
"Novo chefe das Farc é condenado por fuzilamento de dissidentes"Fotos: Alejandra Vega/AFP
Baleia inflável de 15 metros foi 'encalhada' em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, para pressionar o governo a assumir a liderança na próxima reunião da Comissão Internacional Baleeira (CIB), no Chile, em defesa da criação do Santuário do Atlântico Sul. VÍDEO
Governo só gastou míseros 0,57% da verba do PAC em 2008
O Orçamento da União reservou para o PAC, em 2008, R$ 17,3 bilhões. Até agora, o governo só empenhou R$ 2,6 bilhões (15,1%) desse total. E só gastou efetivamente R$ 98 milhões –ou 0,57% do total. Os dados são oficiais. Constam do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira). Trata-se de um banco de dados que armazena todas as despesas feitas por órgãos da União. Visto pelo lado da execução orçamentária, o Programa de Aceleração do Crescimento avança em ritmo de tartaruga manca. A frieza dos números contrasta com a alta temperatura dos pa©mícios que Lula e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) vêm promovendo pelo país. O ritmo de cágado perneta manifesta-se até mesmo na presidência da República. Sob as barbas de Lula, há duas repartições com dinheiro do PAC para gastar: a secretaria da Pesca (R$ 7,3 milhões) e a Secretaria de Portos (R$ 565 milhões). Até o momento, não aplicaram um mísero ceitil. O ministério das Cidades, um dos campeões no ranking de órgãos aquinhoados com recursos do PAC (R$ 1,9 bilhão para 2008) também rende homenagens à lerdeza. A pasta gerencia três rubricas do PAC.
Estão na seguinte situação:
Maior fatia: soma R$ 1,9 bilhão. Destina-se a gastos em obras diversas. Entre elas as de saneamento básico. Emitiram-se R$ 244,8 milhões em notas de empenho. Mas nada foi pago até o momento. A nota de empenho representa a contratação de uma determinada despesa. Significa dizer que o órgão público reservou dinheiro para realizar determinado pagamento. É o estágio anterior à saída efetiva da verba das arcas do Tesouro.
Habitação: gerido pela pasta das Cidades, o FNHIS (Fundo Nacional de Habitação de Interesse Popular) foi brindado, em 2008, com R$ 493 milhões do PAC. Desse total, foram empenhados R$ 126 milhões. Mas, de novo, nada foi pago;
Trens Urbanos: A Cia. Brasileira de Trens Urbanos, estatal pendurada no organograma do Ministério das Cidades, traz carrega em seu orçamento R$ 445 milhões do PAC. Empenhou R$ 11,2 milhões. Pagou R$ 11 milhões.
Noves fora a companhia de trens urbanos, apenas outros três órgãos ou empresas conseguiram gastar dinheiro do PAC até o momento. São os seguintes:
Valec Engenharia Construção de Ferrovias S.A.: é o braço ferroviário do ministério dos Transportes. Dispõe de 464 milhões. Empenhou R$ 389 milhões. Só pagou R$ 16,6 milhões;
Dnit (Departamento de Infra-Estrutura de Transportes): pende do organograma da pasta dos Transportes. Cuida das rodovias federais. Gere R$ 7,8 bilhões do PAC. Empenhou R$ 1,5 bilhão. Gastou R$ 68 milhões;
Ministério da Integração Nacional: o governo empurrou para dentro do Orçamento ordinário da pasta R$ 2 bilhões do PAC. Empenharam-se R$ 2,5 milhões. Gastou-se R$ 1,2 milhão;
Codevasf (Cia. de Desenvolvimento do Vale do São Francisco): está enganchada no mesmo ministério da Integração. Beliscou R$ 600 milhões do PAC. Empenhou R$ 51,2 milhões. Gastou, por ora, R$ 603 mil.
No mais, nenhum outro órgão gastou coisa nenhuma. Deve-se a constatação à senadora Kátia Abreu (DEM-TO). Munida da senha de acesso ao Siafi a que tem direito como congressista, ela decidiu acompanhar com lupa a execução financeira do PAC. Já havia feito um primeiro levantamento em meados do mês passado. Àquela altura, as notas de empenho do PAC equivaliam a 7,35% do total do orçamento do programa para 2008. Os pagamentos não passavam de vexatórios 0,07%. Desde então, a coisa evoluiu pouco, muito pouco, pouquíssimo. Daí a decisão da senadora de encomendar à sua assessoria técnica a realização de levantamentos quinzenais da execução orçamentária do PAC. Batizou a iniciativa de PAC’ômetro. Ou o governo converte a fanfarra dos pa©mícios em moeda sonante ou a menina dos olhos de Lula vai continuar pendurado nas manchetes na constrangedora condição de mero PACtóide.
Fonte: Josias de Souza