Terça-feira, 28 de Fevereiro de 2006
O curioso do Carnaval é que, podendo envergar qualquer tipo de disfarce, o país prefere vestir-se de si mesmo. Nada se parece mais com o Brasil real do que o Brasil da fantasia... Assim, do mesmo modo que um homem pode vestir-se de mulher sem que lhe condenem os gestos amaricados, o país também pode aproveitar o Carnaval para desfilar gostosamente suas hipocrisias hediondas... Na quarta-feira, mergulhado nos jejuns da quaresma, o Brasil não precisará rasgar a fantasia. O traje de caótico continuará assentando-lhe como luva.
"Da utilidade do Carnaval", J. de Souza. Imagem:Nota Bene.
Segunda-feira, 27 de Fevereiro de 2006
"O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Não há princípio que não seja desmentido nem instituição que não seja escarnecida. Já não se crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas idéias aumenta a cada dia. A ruína econômica cresce, cresce, cresce... A agiotagem explora o juro. A ignorância pesa sobre o povo como um nevoeiro. O número das escolas é dramático. A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do país. Não é uma existência; é uma expiação. Diz-se por toda a parte: "O pais está perdido!." (Eça de Queiroz em As Farpas, 1871)
Note: The Project Gutenberg EBook of As Farpas: Chronica Mensal da Politica, das Letras e dos Costumes, by Ramalho Ortigão and Eça de Queiroz. This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.net
Ao anunciar que, ainda este ano, haverá olimpíada de português para alunos de escolas públicas, o presidente Lula arrancou sorrisos dos jornalistas em Juazeiro ao errar na conjugação verbal: “Com a Univasf, virão (sic) desenvolvimento para a região”.
JC.21.02.2006. Imagem:safradepalavras.jbonline
http://www.univasf.edu.br/
Domingo, 26 de Fevereiro de 2006
Pintura de Debret que retrata o carnaval no Brasil escravocrata
Debret, Jean-Baptiste (1768-1848), pintor francês esteve no Brasil com a Missão Artística Francesa. Em suas telas retratou não apenas a paisagem, mas sobretudo a sociedade brasileira, não esquecendo de destacar a forte presença dos escravos. Foi iniciativa sua a realização da primeira exposição de arte no país, em 1829.
Sábado, 25 de Fevereiro de 2006
Longe da mídia, a corte vai passar... Sob o mais ácido sol nordestino, um memorial de imagens reveladoras, descobertas no interior de um imenso território de belezas humanas e de brasis. AQUI
"A Corte Vai Passar: um olhar sobre o carnaval de Pernambuco", ensaio fotográfico de Luis Santos (PE) e Celso Oliveira (RJ).
Sexta-feira, 24 de Fevereiro de 2006
Carnaval pelo premiado fotógrafo Cláudio Edinger
O Carnaval retratado pelo artista foge dos tão comuns estereótipos daquele Carnaval "para estrangeiro ver". O carioca Cláudio Edinger mostra cenas inusitadas, mas que não deixam de ser a cara do país. AQUI
http://www.claudioedinger.com/portfolio.html
Quinta-feira, 23 de Fevereiro de 2006
"Quando o ensino das crianças falha produzimos analfabetos funcionais, o que leva o Brasil a viver enxugando gelo" (Jorge Werthein)
Saiba quanto custa o voto no Brasil Alfabetizado
Alunos do programa Brasil Alfabetizado recebem uma ajuda de custo como incentivo para freqüentar as aulas do curso. Através da Bolsa Alfabetização, o governo federal oferece aos beneficiários R$ 1 para cada aula em que ele estiver presente. Com isso, a perspectiva é de que chegue a R$ 22 por mês e garante alfabetizar em 6 meses. O programa federal custeia também, as bolsas dos professores, que recebem R$ 120, além de um complemento de R$ 7 para cada aluno atendido. No exercício 2005 no Brasil inteiro, o programa pretendia atender , segundo as estatísticas do MEC, o número de 1.569.593 jovens analfabetos com mais de 15 anos de idade. Em 2006, ano de Lula em campanha, o programa ganha impulso.
Nota: Em 2004, o governo reduziu em 12% seus gastos com educação, em relação a 2003. Até 2 de junho de 2005, o governo investiu ridículos 0,16% dos recursos orçados. E em 2006, último ano de governo, o MEC jorra dinheiro sem critério educacional.
Imagem: desenho Pulika
Comentário do leitor Demétrio (Fortaleza)
"O Programa Brasil Alfabetizado, lançado pelo governo federal causou polêmica entre cientistas e educadores filiados ou simpatizantes do PT. É que o projeto, envolvendo recursos da ordem de R$ 278 milhões, incluiu a coordenação de técnicos da Venezuela, país que, devido às próprias deficiências, precisou valer-se do apoio e assessoramento de Cuba para implementar algo semelhante em seu território. Publicado no: http://www.aggio.jor.br/jornal12/alfabetizacao.htm "
Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2006
Estranhem o que não for estranho.
Tomem por inexplicável o habitual.
Sintam-se perplexos ante o cotidiano.
Tratem de achar um remédio para o abuso
Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra.
imagem: sk-szeged.hu
Nota: Bertolt Brecht (1898-1956) escritor e poeta, revolucionou o teatro do século XX não só pela criação de uma obra excepcional, mas também pelas inovações teóricas e práticas que visavam estimular o senso crítico e a consciência política do espectador. O "efeito de distanciamento" (sair e voltar ao personagem), sugerido por Brecht, torna claros os artifícios da representação cênica e destaca os valores ideológicos do texto. Breve biografia.
Terça-feira, 21 de Fevereiro de 2006
"Brasil Bono-ito" A declaração de voto de um artista pode assegurar a eleição. Mas há também outra circunstância em que o apoio do beautiful people é fundamental: quando a popularidade de um governo fica ameaçada pela mediocridade, arbítrio, ou corrupção, a classe artística é peça essencial para convencer a opinião pública sobre o brilhantismo, a justeza e a correção de quem ocupa o poder.
Por isso, ao longo dos anos, foram criados muitos mecanismos para que legalmente os governantes possam transferir recursos do contribuinte para a classe artística.Leis de incentivo à chamada "cultura" inserem-se nesse conceito. As empresas podem destinar parte do que seria pago a título de impostos para iniciativas de natureza cultural. Apesar de diminuir a arrecadação, em tese a sociedade receberia em troca o benefício de um "investimento social" ou "cultural".
Os governantes sabem que é através das empresas estatais que os cofres públicos podem ser abertos com maior generosidade a "iniciativas artísticas" em troca de apoio, complacência ou mesmo de um útil silêncio.
Mas a renúncia fiscal não é o único instrumento. Os próprios ministérios, em especial o da Cultura, existem para financiar projetos, quando não, contratar diretamente artistas. Ou então indiretamente, através de publicidade governamental veiculada em jornais, revistas, cartazes, rádio ou televisão. Getúlio Vargas foi o primeiro presidente a empregar em larga escala essa estratégia.
Desde sua chegada ao poder, em 1930, ele tratou o mecenato estatal com o maior cuidado. Concedeu todo tipo de vantagem ou benesse possível à classe artística, inclusive sua presença até em teatro de "rebolado". Tanto que, em plena ditadura do Estado Novo, o ator Reis e Silva foi capaz de escrever, no jornal Correio da Noite,a seguinte frase: "Para mim o Sr. Getúlio Vargas é o maior homem do mundo. Maior que Mussolini, maior que Hitler!"
É importante, pois, que o eleitor se lembre de Reis e Silva em 2006 toda vez em que olhar ou assistir a alguma propaganda eleitoral feita por cantor, ator, escritor, etc. O dinheiro estatal costuma comprometer a capacidade de julgamento da classe artística.
Segunda-feira, 20 de Fevereiro de 2006
Bolsa da Construção Civil
Bolsa Família
Bolsa Escola
Bolsa Universidade
Bolsa Estrada
Bolsa FMI
Bolsa Negra
Bolsa Analfabetos
Bolsa Impunidade
imagem:bvnsa