Terça-feira, 21 de Fevereiro de 2006
"Brasil Bono-ito" A declaração de voto de um artista pode assegurar a eleição. Mas há também outra circunstância em que o apoio do beautiful people é fundamental: quando a popularidade de um governo fica ameaçada pela mediocridade, arbítrio, ou corrupção, a classe artística é peça essencial para convencer a opinião pública sobre o brilhantismo, a justeza e a correção de quem ocupa o poder.
Por isso, ao longo dos anos, foram criados muitos mecanismos para que legalmente os governantes possam transferir recursos do contribuinte para a classe artística.Leis de incentivo à chamada "cultura" inserem-se nesse conceito. As empresas podem destinar parte do que seria pago a título de impostos para iniciativas de natureza cultural. Apesar de diminuir a arrecadação, em tese a sociedade receberia em troca o benefício de um "investimento social" ou "cultural".
Os governantes sabem que é através das empresas estatais que os cofres públicos podem ser abertos com maior generosidade a "iniciativas artísticas" em troca de apoio, complacência ou mesmo de um útil silêncio.
Mas a renúncia fiscal não é o único instrumento. Os próprios ministérios, em especial o da Cultura, existem para financiar projetos, quando não, contratar diretamente artistas. Ou então indiretamente, através de publicidade governamental veiculada em jornais, revistas, cartazes, rádio ou televisão. Getúlio Vargas foi o primeiro presidente a empregar em larga escala essa estratégia.
Desde sua chegada ao poder, em 1930, ele tratou o mecenato estatal com o maior cuidado. Concedeu todo tipo de vantagem ou benesse possível à classe artística, inclusive sua presença até em teatro de "rebolado". Tanto que, em plena ditadura do Estado Novo, o ator Reis e Silva foi capaz de escrever, no jornal Correio da Noite,a seguinte frase: "Para mim o Sr. Getúlio Vargas é o maior homem do mundo. Maior que Mussolini, maior que Hitler!"
É importante, pois, que o eleitor se lembre de Reis e Silva em 2006 toda vez em que olhar ou assistir a alguma propaganda eleitoral feita por cantor, ator, escritor, etc. O dinheiro estatal costuma comprometer a capacidade de julgamento da classe artística.
Publicado por Blog da Santa às 01:00 |
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De Celina, SP a 21 de Fevereiro de 2006 às 10:59
O Bono entende de música mas de Brasil...E a cara de Lula no clip foi a cagada do show. Ele espera o que?
Há Bono que vem para malo!
De Luiz Moreira a 21 de Fevereiro de 2006 às 11:02
Santa, a profissionalização de artistas em campanhas políticas já é fato consumado. A proibição dos shows durante o período eleitoral não atrapalha em nada. A Globo se encarrega de fazer e atribui a quem quiser.
De
Duda a 21 de Fevereiro de 2006 às 11:05
O texto está perfeito e bem didático. A foto diz tudo. E Bono mostrou a que veio.
De
Fernando a 21 de Fevereiro de 2006 às 11:09
Pão e Circo. Começou.
De Tiro no Pé a 21 de Fevereiro de 2006 às 11:14
O U2 foi importante para Irlanda e na luta do separatismo religioso. Mas de corrupção petista a importância foi Zero.
Santa não somos o U2 mas a agenda do Quinta para fevereiro já está no blog. :)
De CALIEL a 21 de Fevereiro de 2006 às 11:24
O nível de politização de determinados artistas é algo tocante!Ninguém esperava o namoro declarado de Bono Vox e Lula da Silva. O post foi na mosca.
Santa, mudando de assunto o meu post é sobre saúde infantil. Um abraço a todos.
Lei de Incentivo a "cultura", Mecenatos só favorecem as empresas patrocinadoras e os artistas que estão na mídia. E é a Faca e o Queijo para propaganda política.
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